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09 DE ABRIL DE 2021

Corredor agroecológico em área rural impacta qualidade de vida urbana


Engenheiro florestal aborda como restauração de remanescentes florestais contribui nas seguranças alimentar e hídrica do Município.



EM PIRACICABA (SP)  

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Germano Chagas (de azul) destaca a importância da preservação florestal na qualidade de vida do Município. Foto: Rafael Bittencourt





A restauração de remanescentes florestais a partir do processo de transição agroecológica, iniciativa que está na proposta do projeto Corredor Caipira - Conectando Paisagens e Pessoas, impacta diretamente na qualidade de vida do Município. O engenheiro florestal Germano Chagas, um dos coordenadores técnicos do trabalho contemplado na Seleção Pública do Programa Petrobras Socioambiental, detalhou as ações previstas ao longo de dois anos, durante a live do programa Parlamento Aberto nesta quinta-feira (8). 

“Preservação destes remanescentes vai muito além de apenas proteger a fauna e a flora, já que a presença da floresta traz benefícios ecossistêmicos para a sociedade, embora pouco observadores por se tratar de serviços indiretos”, aponta. 

Dentre os benefícios diretos, ele aponta as oscilações extremas do clima, quando a cidade sofre com dias mais quentes e noites mais frias, além de períodos de invernos cada vez mais ameno. “Essas mudanças climáticas estão diretamente ligadas à redução das florestas. Todas essas mudanças influenciam na vida das pessoas e atingem diretamente a capacidade do nosso sistema imunológico”, disse. 

Reduzir florestas também atinge a qualidade da água que é captada e distribuída pelos sistemas de saneamento que atendem o Município. “Sem manter as bordas dos rios florestadas, essas áreas que funcionam como filtros para erosão e carregamento de contaminantes acabam levando poluente para a água, que eventualmente vamos precisar para o abastecimento urbano”, ressaltou. 

Germano lembrou que pandemia do novo coronavírus evidenciou no Brasil o aumento da pobreza e da fome e que, dentro da proposta do projeto Corredor Caipira, onde ele aponta que um dos eixos está a produção de alimentos em propriedades rurais mais próximas à malha urbana a partir de ações sustentáveis. “Nesse processo, a agroecologia vem com objetivo de buscar estratégias mais humanas de desenvolvimento territorial e de igualdade social”, salientou. 

Coordenador técnico do projeto, o engenheiro florestal relata que o Corredor Caipira surgiu em 2017 no Núcleo Cultura e Extensão em Educação e Conservação Ambiental da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e foi elaborado para estruturar processo de agroecologização em Piracicaba e região. A realização é da Fealq (Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz). 

Em 2019, foi contemplado no Edital Petrobrás Socioambiental e que, a partir de mapeamento, estudos para restauração e capacitação técnica, a proposta atua em áreas que conectam remanescentes florestais e criam sustentabilidade na produção das propriedades ao longo do território de atuação. 

 “A ocupação humana resulta em um processo de desmatamento, que faz com que as áreas florestais fiquem isoladas, sem conectividade umas com as outras e com isso, o fluxo de sementes e animais acaba ficando limitado”, enfatiza. Esse cenário contribui com o sistema de deterioração da biodiversidade e por isso são importantes corredores que conectem esses fragmentos isolados. 

A iniciativa será focada na conservação da fauna e da flora em Piracicaba, São Pedro, Águas de São Pedro, Santa Maria da Serra e Anhembi. Outros 13 municípios serão beneficiados indiretamente, por meio da definição de áreas prioritárias para restauração florestal, com intuito de melhorar a conectividade entre matas nativas. São eles: Avaré, Analândia, Bofete, Botucatu, Charqueada, Corumbataí, Guareí, Ipeúna, Itatinga, Itirapina, Pardinho, Rio Claro e Torre de Pedra. 

Com duração de dois anos (iniciou em novembro de 2019 e deve seguir até 2022), o projeto Corredor Caipira atuará na recuperação de 45 hectares, com o plantio de mais de 90 mil mudas, envolvendo 120 participantes diretos, com a atuação de 15 profissionais envolvidos.

Existe também no projeto uma frente voltada à educação ecológica, como informou Germano. “Estão previstas 12 oficinas de 8 horas e quatro cursos continuados de 80 horas, também pensados nessa questão rural e de meio ambiente de Piracicaba”, ressaltou.

Outra frente de trabalho do Corredor Caipira é a articulação de políticas públicas voltadas ao meio ambiente. “Com o objetivo de fortalecer as iniciativas já existentes e auxiliar orientando para políticas públicas voltadas à agroecologia, com o engajamento da população” disse o engenheiro.



Texto:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337 Pedro Paulo Martins
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


Parlamento Aberto

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