
11 DE MARÇO DE 2009
O Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, sob a presidência de Elisa Lucas Rodrigues, nos próximos dias, deve enviar (...)
O Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, sob a presidência de Elisa Lucas Rodrigues, nos próximos dias, deve enviar emissario especial a Piracicaba para tentar resolver pendências judiciais e históricas, envolvendo o entorno da Igreja de São Benedito, frente ao interesse de grupos locais, além do Poder Público, na disputa pela utilização da área, que segundo historiadores, já no ano de 1824, foi doada aos escravos, pela Baronesa de Resende, como forma de garantir local de culto aos cativos, que eram discriminados em outros lugares.
As tratativas para tentar garantir a participação do Conselho Estadual da Comunidade Negra foram discutidas no dia de ontem (10), em São Paulo, no gabinete da presidência da entidade, que recebeu a visita do Provedor da Irmandade de São Benedito, José Mariano (73), que esteve acompanhado do professor e historiador Noedi Monteiro, além do jornalista da Câmara, Martim Vieira, que na oportunidade representou o gabinete do vereador Walter Ferreira da Silva, o Pira (PPS).
Igreja de São Benedito
O jornalista Cecílio Elias Neto, em matéria postada no site a Província, em 12/08/2008 15:36, apresenta diferentes tópicos sobre a Igreja de São Benedito. O jornalista se baseia em anotações de Guilherme Vitti, que por muitos anos foi o responsável pelo acervo histórico da Câmara de Vereadores de Piracicaba.
Os levantamentos realizados por Guilherme Vitti, sobre a Igreja de São Benedito, um dos pontos históricos de Piracicaba ao início do século XXI, estenderam-se não apenas a sua origem, mas também aos anos seguintes a sua manutenção e preservação.
Para o pesquisador, os dados mostram, inclusive, ter havido “uma certa implicância com a Igreja de São Benedito e o terreno em volta”, ao longo do anos.
Em 1886, por exemplo, um vereador pediu à Câmara que mandasse abrir o terreno atrás da Igreja, criando-se uma rua. Mas o pedido foi negado, com a alegação de que o terreno era diminuto, não dando espaço para o calçamento e sarjetas. Dois anos depois, um outro edil solicitou a demolição da taipa atrás da Igreja, sob alegação de que o local era palco de atos ofensivos à moral. O presidente da Câmara ficou autorizado a entender-se com a Irmandade de São Benedito.
Proclamada a República, e atendendo a iniciativa do novo governo de conhecer as riquezas de que dispunham igrejas católicas e irmandades, a Câmara de Piracicaba informou que “pertencem à Irmandade de São Benedito e do Rosário uma modesta igreja, não acabada ainda, poucos materiais de construção e utensílios pobres, necessários ao culto. Existe no cofre desta corporação a quantia de trezentos e dois mil, setecentos e vinte réis...”
Mesmo com esta descrição, a solicitação para aprovação de um projeto para reconstrução da igreja, feito pelo vigário da Matriz, em 1906, não chegou a ser aprovado. E um vereador chegou a pedir a desapropriação do terreno, o que também foi rejeitado numa segunda votação.
A única solicitação atendida, aparentemente sem maiores problemas, data de 1912, quando a Irmandade solicitou à Câmara a retirada das árvores mais próximas das paredes da Igreja, a colocação de mitório e o apedregulhamento do espaço entre a Igreja e o gramado do jardim.
Construção que se estendeu por vários anos
Um histórico da construção da Igreja, assinado pelo Padre João Batista Ferraz, que ali atuou como pároco, indica que a torre data de 1892, tendo sido seus construtores Antonio Alves Pompeo e Carlos Dias, sob direção de Antonio Martins Duarte de Mello. Sua construção foi custeada por Idalina Morato de Carvalho. Já em 1906, uma parte da capela-mór foi desmanchada, levantando-se novas paredes até o madeiramento. A cobertura do telhado deu-se em 1912, com material doado por Tomaz Caprecci.
A imagem de São Benedito foi, então, transferida para a Igreja, tendo anteriormente permanecido na Matriz, em função das reformas.
O corpo restante da Igreja, a exceção do altar-mór, foi demolido em 1912. E a nova edificação teve como construtor João da Silva Amaral como mestre-carpinteiro e planta assinada por Eulália Khiel.
Em 1914, a Câmara Municipal cedeu à Irmandade o relógio que era da Matriz.
Em 1918 foi autorizada a construção de dependência no fundo da Igreja para servir de sacristia, o que ocorreu com um empréstimo de 3 contos de réis para conclusão das reformas.
FOTOS E PESQUISA: MARTIM VIEIRA MTB 21.939