
22 DE AGOSTO DE 2014
"Do jeito que está não pode ficar, pois temos de encontrar alternativas para eliminar as torres de transmissão ou adequá-las em outro lugar", disse Capitão Gomes (PP)
Reunião ocorreu no plenário do Legislativo
Preocupado com a radiação eletromagnética emitida pelas antenas de telefonia celular, o vereador Capitão Gomes (PP) realizou uma comissão de estudos, hoje à tarde (22,) no plenário da Câmara, com a participação dos representantes das principais operadoras do país (VIVO, CLARO, TIM e OI), Prefeitura e demais autoridades municipais. As empresas disseram ao vereador que, se retiradas as antenas, ficarão apenas quatro torres em Piracicaba, reduzindo o sinal da telefonia celular. "Não queremos prejudicar ninguém, mas estamos cobrando das operadoras qual solução elas têm para a população de Piracicaba", disse o parlamentar.
Lei Municipal aprovada no Legislativo, em 2010, proíbe a instalação de torres de celular a 100 metros de hospitais e escolas. Posteriormente, no ano passado, foram incluídas as residências, mas, uma liminar obtida, no Tribunal de Justiça de São Paulo, pela associação que representa as empresas de telefonia eliminou do texto, as casas. O processo continua tramitando na Justiça. "Temos conhecimento de um grande número de mortes, por câncer, de pessoas que moravam ao entorno das torres", explicou Capitão.
A FAVOR- O primeiro a defender que a radiação emitida pelas antenas não é suficiente para desenvolver o câncer foi o engenheiro elétrico da Associação Brasileira de Compatibilidade Eletromagnética, Álvaro Bartholo. O pesquisador apresentou um estudo elaborado por acadêmicos de Israel que analisou um grupo de pacientes, moradores próximos às torres transmissoras. "Infelizmente, em dois anos, não foi possível chegar a nenhuma conclusão porque a doença se desenvolve em silêncio e não dá para saber se ela é proveniente da radiação".
CONTRA- Do lado contrário está a professora-doutora pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Adilza Condessa Dode. Ela apresentou sua pesquisa desenvolvida no período de 1996 a 2006 na região Centro - Sul de Belo Horizonte (MG). "O celular você desliga a qualquer hora, mas, as antenas continuam transmitindo 24 horas", destacou. O objetivo da pesquisadora foi analisar se existe relação de surgimento de câncer em moradores próximos às ERBs (Estações de Rádio Bases). Durante a sua exposição, Adilza Dode disse que a "radiação celular atinge mais as crianças do que os adultos, pois são 1800 trabalhos científicos atestando que as ondas eletromagnéticas causam algum tipo de neoplasia (câncer)". O estudo da cientista mostrou que, em 10 anos, 7191 pessoas morreram de algum tipo de câncer em Belo Horizonte (MG).
De acordo com os estudos, brasileiros e estrangeiros, apresentados pela professora, "aqueles que moram num raio de 300 a 400 metros estão propensos a desenvolver cânceres de próstata, pulmão, rins e fígado. Há grandes chances de crianças terem leucemia", alerta a especialista, da Federal de Minas Gerais.
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), órgão federal que regula e fiscaliza toda e qualquer transmissão via ar, enviou o engenheiro Eduardo Hiroshi, que expôs as normas técnicas para a transmissão de sinais eletromagnéticos. "A Anatel não tem competência de afirmar se as transmissões das antenas de celular dão câncer ou não. A agência não tem conhecimento disso, pois é um assunto da medicina", mas, classificou a potência emitida pelas operadoras de "baixa" em relação ao divulgado e sugerido pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
O executivo da Vivo, Eduardo Correa, representando as operadoras de telefonia, disse que "sem antenas não dá para ter celular". O representante da empresa alertou que serão construídas mais torres por causa da tecnologia 4G, que é a transferência de dados em alta velocidade. "Nós poderemos ter antenas menores em cima de prédios, mas, acabar, definitivamente, com as torres não será possível".
Quando questionado sobre o mapeamento dos sinais emitidos, o secretário municipal de Meio Ambiente, Rogério Vidal, informou que as operadoras foram notificadas, a partir de 2013, por estarem a menos de 100 metros de casas. "São 76 torres que estão irregulares de acordo com o novo parágrafo, porém o Tribunal de Justiça concedeu liminar às teles e derrubou, provisoriamente, os efeitos da lei municipal aprovada no ano passado. Atualmente estamos trabalhando com a legislação de 2010, que proíbe a construção de torres nas proximidades de escolas e hospitais", explicou o titular da Sedema.
"Assim como nós fizemos um trabalho para acabar com a queima da palha de cana-de-açúcar, em Piracicaba, queremos uma solução que não prejudique as empresas e nem a população; mas, alguma coisa precisa ser feita para diminuir os efeitos da radiação", destacou Capitão Gomes, ao lado dos vereadores José Benedito Lopes (PDT) e José Aparecido Longatto (PSDB).
O parlamentar finalizou a Comissão de Estudos lançando um desafio às empresas: "Vamos começar por Piracicaba e encontrar alternativas para diminuir o número de antenas e tirar esses 'paliteiros' (torres) que desvalorizam as residências e prejudicam a população", concluiu. Os vereadores João Manoel dos Santos (PTB) e Paulo Sérgio Camolesi (PV) também acompanharam a sessão.