
08 DE ABRIL DE 2013
Piracicaba deve ser a próxima cidade a receber a campanha de prevenção contra a hepatite C promovida pela entidade Saúde em Vida, que já percorreu localidades como (...)
Piracicaba deve ser a próxima cidade a receber a campanha de prevenção contra a hepatite C promovida pela entidade Saúde em Vida, que já percorreu localidades como Campinas e Limeira. A escolha do município foi definida em conversa do vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), com representantes da organização não-governamental e o médico Hamilton Bonilha.
O objetivo da iniciativa é identificar pessoas que apresentem indícios do vírus no sangue e encaminhá-las para tratamento. Todo o procedimento seria gratuito: do exame inicial ao atendimento clínico ––caso ele seja necessário––, incluindo a medicação. "Será uma campanha de alerta para verificar quem tem hepatite C e encaminhar para tratamento. É uma doença silenciosa que vem se alastrando de uma maneira preocupante", comentou Capitão Gomes na manhã desta segunda-feira (8).
"Para colher o material para análise, basta uma picadinha no dedo. Colhe-se uma gotícula de sangue e já se faz o teste na hora. Se fosse pagar, ficariam em torno de R$ 1.500 todos os exames. Mas será tudo de graça. Se a pessoa tiver o vírus, ela será encaminhada para tratamento médico gratuito com o médico Hamilton Bonilha, uma sumidade em infectologia no mundo", completou o vereador.
A campanha em Piracicaba seria realizada mensalmente ––dentro de um calendário anual definido previamente–– em tendas montadas em locais de grande circulação de pessoas, como praças, terminais e shopping. Nesses lugares, seria feita a "triagem", por meio de um teste simples e com resultado instantâneo: se a gota de sangue coletada do paciente apresentar grande quantidade de anticorpos, é um sinal de que a pessoa pode ter o vírus.
"Ali aparece que ela teve contato com a doença. Quando isso acontece, a pessoa tem que ir ao médico fazer a confirmação dela, já que pode ocorrer o que chamamos de "falso positivo": eu posso ter o contato com a doença, mas o meu organismo não a desenvolveu; eu só tenho o anticorpo. Quando você vai ao médico e confirma que tem o vírus no sangue, aí, sim, você é portador", explica Christian Joseph Souza Carvalho, diretor administrativo da Saúde em Vida.
O representante da ONG ––que, com quase dez anos de existência, há cinco passou a efetivamente oferecer gratuitamente os exames para a detecção da hepatite C–– aponta a importância do diagnóstico precoce. "Segundo a Organização Mundial da Saúde, em torno de 1,5 por cento da população está contaminada e não sabe. Quando você faz campanha de prevenção e trata a doença no início, além de beneficiar o paciente ––porque ele não vai evoluir para uma cirrose ou um câncer de fígado––, o próprio Poder Público se beneficia, porque o paciente tratado antecipadamente não fica internado, não ocupa leitos, não precisa fazer cirurgia. A hepatite C é uma doença que tem tratamento e tem cura, desde que diagnosticada cedo."
De acordo com Christian, o exame para a detecção da doença é indicado de forma especial para pessoas que fizeram cirurgia ou passaram por transplante há 20 anos ou mais. "Antes de 1993, não se conhecia o vírus. Então, todos os que fizeram cirurgia ou receberam bolsa de sangue correram o risco de pegar hepatite C. E, como é uma doença silenciosa, a pessoa pode não saber que a tem", conclui.
TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918
FOTOS: Davi Negri / MTB 20.499