26 DE MAIO DE 2021
Vereadora Rai de Almeida e representantes do movimento Acampa pela Paz realizaram encontro para debater problema mundial que tem reflexos no município
Rai de Almeida discutiu os problemas enfrentados por aqueles que procuram refúgio em Piracicaba
A crise migratória ––que se avoluma mundo afora–– há tempos revela desdobramentos que chegam ao município piracicabano. Apesar de distante das fronteiras do país, Piracicaba recebeu e recebe ––historicamente––migrantes e refugiados de diversos países, em busca de trabalho, de moradia e de uma vida mais digna. Para além da presença centenária da expressiva colônia italiana, dos trentinos e tiroleses, dos árabes, dos japoneses e outros, mais recentemente Piracicaba registra também a presença de haitianos, venezuelanos, sul-coreanos e de africanos advindos de países lusófonos ou não.
Nesse sentido ––e atentos à crise sanitária, econômica e climática mundial–– representantes do movimento Acampa pela Paz e o Direito a Refúgio – Brasil discutiram com a vereadora Rai de Almeida (PT), na última sexta-feira (21), o atual momento atravessado pela humanidade e sobre os problemas enfrentados por aqueles que, em busca de esperança de dias melhores, migram e procuram refúgio longe de seus países maternos e chegam a Piracicaba.
Estiveram presentes a essa reunião a professora doutora Célia Regina Rossi e o doutor em ciência política Tiago Cerqueira Lazier, ambos representando o Acampa Brasil, Johão Scarpa, do mandato coletivo A cidade é sua (PV), o advogado Paulo Borges e a atriz, diretora e ativista cultural Fátima Monis, respectivamente, chefe de gabinete e assessora da vereadora Rai.
Oferecendo ao grupo informes acerca das ações que acontecem em Piracicaba na área da questão migratória e dos Direitos Humanos, a professora Célia Rossi comentou sobre o projeto Utopias, a ser promovido pelo Sesc Piracicaba junto a vários movimentos sociais locais – e que no próximo mês de junho trará a público debate sobre Refugiados, Imigrantes e Meio Ambiente. Célia informou também que, no segundo semestre deste ano, será oferecido pelo Sesc um curso de formação aos refugiados que se encontram na cidade.
Discutindo sobre a importância do poder público local atentar-se para a questão migratória, Célia Rossi propôs que se pense na criação de um “departamento de Direitos Humanos.” Ela afirmou ainda que muitas mulheres migrantes e refugiadas sofrem todo tipo de violência física e psicológica – e que muitas crianças (em especial, meninas) são também vítimas de violência sexual e física. Apesar de todo esse sofrimento, Célia disse que essas pessoas estão “invisíveis à sociedade”, e lembrou que infelizmente ainda “não existe um organismo que atente para essas questões” em Piracicaba – ao contrário do que já acontece em outras cidades de mesmo porte.
Expondo que é possível ao poder público propor ações importantes e objetivas e que podem auxiliar aos que chegam à cidade fugindo de situações desumanas em seus próprios países, Célia recordou o exemplo da cidade de Campinas – na qual, segundo a professora, a Secretaria de Direitos Humanos, em parceria com o Sebrae, oferece cursos para os refugiados, sendo que até mesmo uma cartilha em vários idiomas (inglês, francês, castelhano e árabe) com informações básicas importantes sobre a vida na cidade é oferecida aos que a ela chegam. Reforçando a exposição feita pela professora Célia Rossi, Tiago Lazier comentou também da necessidade de se olhar para a situação local, de Piracicaba, uma vez que a questão internacional tem os olhares da imprensa mundial.
Como encaminhamento dessa reunião, a vereadora Rai de Almeida propôs articular uma reunião do Acampa com a Smads (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social) e sua secretária, Euclídia Maria Fioravante. Rai se comprometeu também em levar e articular essa pauta junto à Frente Parlamentar de Cultura, que está sendo formada na Câmara – e se comprometeu ainda em propor à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal a inclusão do tema dos refugiados como pauta constante a ser observada e pensada por essa comissão.