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15 DE OUTUBRO DE 2021

Palestra debate agricultura familiar, fome e solidariedade alimentar


Evento on-line foi promovido pela Escola do Legislativo nesta quarta-feira (13)



EM PIRACICABA (SP)  

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Evento fez parte das celebrações alusivas ao Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 de outubro.



Como parte das celebrações alusivas ao Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 de outubro, a Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Piracicaba realizou nesta quarta-feira (13), a palestra on-line "Agricultura familiar, fome e solidariedade alimentar", que teve como principais objetivos apresentar um debate sobre a efetiva participação da agricultura familiar e da solidariedade como instrumentos para combater a fome em todo planeta.

Iniciando a atividade, a diretora da Escola, vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo ‘A Cidade É Sua’, deu as boas-vindas e apresentou a mediadora, Claudia Renata Novolette, membro do Conselho de Segurança Alimentar desde 2015 e que participou da 5ª Conferência Estadual e Nacional de SAN (Segurança Alimentar e Nutricional), representando Piracicaba, além de bacharel em Direito e tecnóloga em Gestão Empresarial.

O evento foi dividido em quatro subtemas. Para falar sobre “Fome e Pandemia”, a palestra recebeu Daniela Sanches Frozi, graduada em Nutrição, com mestrado em Alimentos e Nutrição e doutorado em Nutrição, com período no Observatório de lá Alimentación (ODELA/Universidade de Barcelona). A Professora da Esalq/USP Marina Vieira Da Silva falou sobre “Ações do Comsea (Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional): funções, ações e perspectivas para próximo mandato”, ela possui mestrado e doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo.

Para destacar as “Ações solidárias de combate à fome”, estiveram presentes Thais Aparecida Lasaro, integrante do projeto “Tô Aqui” e Herold Eugenio De Souza, tecnólogo com gestão do terceiro setor e diretor da CUFA – Central Única das Favelas regional Piracicaba. A nutricionista Natália Gebrim Doria falou sobre o “Conceito e inserção política de acordo com a Legislação e institucionalização do Sisan (Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) e da Caisan (Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional)”. Natália é mestre em Ciências pela Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz/ USP e atua com programas de segurança alimentar e nutricional na Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento de Piracicaba.

Claudia Novolette explicou que o Dia Mundial da Alimentação foi instituído pela ONU (Organizações das Nações Unidas em 1945), para alertar sobre a importância da alimentação saudável, acessível e de qualidade. “Poucas pessoas sabem que um brasileiro participou da conquista dessa data, que inclusive precisou se exilar do país porque estava denunciando a fome. Essa pessoa é Josué de Castro, que possui uma obra extremamente importante para esse debate que é a Geografia da Fome, o que mostra que o Brasil sempre foi pioneiro nessas ações”, relatou.

Para Marina Vieira Da Silva, a celebração da data este ano terá “ingredientes de indignação e retrocesso” do período em que vivemos. “Mas eu também sou enfática em registrar que eu também sou esperançosa. O Comsea aqui na nossa cidade vive um momento muito especial”, afirmou.

Ela explicou que o conselho é responsável por todo o diálogo com o governo municipal, organizações e sociedade para traçar diretrizes e definir as prioridades relacionadas principalmente aos recursos que garantem o direito à alimentação saudável. “As reuniões são sempre abertas e todos são sempre muito bem vindos e é muito interessante acompanhar, sendo de Piracicaba ou não”, ressaltou.

A nutricionista Daniela Frozi destacou a palavra “solidariedade” que, de acordo com ela, é de extrema importância e precisa ser, pensando nas políticas públicas de segurança alimentar. “Nós precisamos resgatar os sentidos do que significa solidariedade em uma sociedade capitalista. Isso é muito importante para que possamos compreender porque estamos em crise e o capitalismo também”, disse.  

Como forma de ação de combate à fome, a agricultora Thaís Lasaro apresentou o projeto de economia solidária “Tô Aqui”. Segundo ela, os trabalhos acontecem desde 2020, quando a pandemia pela Covid-19 foi agravada no país. “Eu vejo que esse projeto quebra paradigmas, pois se propõe a ajudar as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade. Essa quebra de paradigmas é mostrar que essas pessoas também podem consumir produtos ecológicos, por meio da ligação entre o produtor e essas pessoas", afirmou.

De acordo com ela, o projeto distribui cerca de 50 cestas de maneira quinzenal. “Uma das cestas, a cesta verde, é formada de duas folhas verdes, dois legumes, uma raiz, uma fruta e um cheiro-verde. Fazem 20 anos que eu estou nessa área de ecologia e eu gosto muito do “Tô Aqui” porque é também uma forma de praticarmos a solidariedade.”, disse.

Herold de Souza é e diretor da Cufa (Central Única das Favelas - regional Piracicaba), ele explicou que o projeto nasceu voltado ao esporte, educação e empregabilidade mas que, em virtude da pandemia, passou a ajudar também nas questões assistenciais de primeira necessidade. “Todas as pessoas que nós atendíamos começaram a passar dificuldade, as mães não tinham com quem deixar os seus filhos e o lockdown fez com que todas as atividades ficassem paradas. Com isso, houve uma mobilização para arrecadação de alimentos, com objetivo de minimizar o impacto da pandemia e diminuir essa insegurança alimentar que cresceu de modo exponencial”, pontuou.

Segundo Herold de Souza, a Cufa atendeu mais de 5 milhões de famílias, em duas décadas de existência. “Em Piracicaba nós iniciamos os trabalhos em março de 2020, e a demanda cresceu de maneira absurda. Piracicaba conta hoje com mais de 70 favelas e, ao mesmo tempo que um morador da favela pode parecer invisível para muitos, para nós não é. No início da pandemia já não era só alimento, o acesso à higiene já não existia, nem mesmo o acesso à agua”, ressaltou.

Na cidade, ele explicou que foram mobilizadas por meio da ajuda de empresas, mais de 30 toneladas de alimentos. “Essa demanda, no entanto, infelizmente só cresce, porque a pandemia pode estar acabando, mas o desemprego vem junto”.

Para Natália Gebrim Doria é importante trabalhar sempre dentro da perspectiva da política pública, com objetivo de lutar por legislações e estruturações sistêmicas, pensando qual é o estado e a sociedade que queremos construir.

“As ações da sociedade civil são fundamentais, mas é importante a gente sempre se guiar pela ideia de estruturar políticas para que isso se torne algo garantido e não perpétuo, como algo que estamos vendo acontecer em nosso país, com uma série de políticas públicas sendo destruídas, inclusive com o desrespeito à Constituição Federal”, disse.

 



Texto:  Pedro Paulo Martins
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Revisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Escola do Legislativo

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