Expressão artística que apropria-se do espaço urbano, o grafite ainda é visto com preconceito pela sociedade. Mas, para Bruna Moreira, esta forma intencional de interferência sempre despertou sua atenção para o lado positivo. Fotógrafa de 22 anos, ela traz para a Câmara a exposição Grafit Art, em cartaz no hall do prédio anexo até o dia 29.

Bruna concluiu o curso de fotografia na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) no ano passado. Foi a partir da necessidade em produzir um trabalho para a disciplina Linguagem Fotográfica que ela começou a “mapear” os grafites da cidade, percorrendo bairros como Nova América, Vila Monteiro, Paulista e Centro. A sugestão foi aceita pela professora Cybelle Tedesco, responsável pela disciplina, e resultou numa sequência de 12 fotografias, todas em preto e branco.

Concluído o curso, a fotógrafa continuou o trabalho e, a exemplo dos grafiteiros, trouxe o seu olhar e a sua interferência para as pinturas nos muros de Piracicaba. A cada parede encontrada, o clique era feito com a intervenção de um “esqueleto humano”, no caso o namorado de Bruna, Matheus Camargo, formado em design na mesma universidade. A inclusão do esqueleto foi pensada porque, sem sexo e raça, representa o ser humano e, portanto, a sociedade como um todo.

Segundo a fotógrafa, foram necessários quatro meses para captar e compor as 40 imagens da mostra, algumas em preto e branco e outras coloridas. A intenção de Bruna é aproximar as pessoas desse tipo de manifestação e quebrar a visão equivocada de que o grafite é pichação ou um ato de vandalismo. “Sempre ouvi críticas ao grafite e isso me deixa indignada, pois não é algo errado ou que prejudica a sociedade. Pelo contrário, é uma arte importante, que incorpora-se ao contexto urbano”, contextualiza Bruna, que identificou, na exposição, o endereço dos muros fotografados, entre eles a Rua do Porto, avenida Higienópolis e avenida Professor Alberto Vollet Sachs.

Curador da mostra, o historiador Fábio Bragança elogiou a intenção de Bruna. Assim que a conheceu, além de admirar a produção das fotos no período da universidade, incentivou a ampliar a produção para a mostra. “É uma jovem fotógrafa pesquisando o que também é jovem e controverso, no caso o grafite. É uma redescoberta de uma arte que também é efêmera, pois algumas obras fotografadas já não existem mais. Além disso, a interação proposta por Bruna em cada uma das imagens desperta o público a pensar o trabalho que foi realizado para além da fotografia”, contextualiza Bragança, diretor do Departamento de Documentação e Arquivo da Câmara e curador da mostra.

SERVIÇO – Mostra Grafit Art, de Bruna Moreira. Visitas até dia 29 de abril, no hall de Exposições da Câmara de Vereadores de Piracicaba (rua do Rosário, 833, Centro), de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h. Entrada gratuita. Informações: (19) 3403-6612.