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09 DE SETEMBRO DE 2022

Cozinheiras: dirigente sindical impede vereadores de estar em reunião


Parlamentares foram convidados pelas próprias trabalhadoras a acompanharem movimento em protesto a empresa terceirizada, mas foram impedidos por dirigente do Sintercamp.



EM PIRACICABA (SP)  

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Um dirigente sindical impediu vereadores de acompanharem a reunião em que cozinheiras que trabalham em escolas do Estado deliberariam sobre a adesão da categoria à greve em protesto ao atraso no pagamento de salários e benefícios e à falta de condições de trabalho. Elas cobram a Especialy Terceirização, responsável pela gestão da merenda desde janeiro.

Na tarde desta sexta-feira (9), o presidente em exercício da Câmara, Acácio Godoy, o vice-presidente em exercício, Thiago Ribeiro, e o vereador Gustavo Pompeo, a convite das funcionárias terceirizadas da merenda, dirigiram-se à sede da Diretoria Regional de Ensino, no São Dimas, onde aconteceria às 14h a reunião das cozinheiras com o Sintercamp (Sindicato dos Trabalhadores em Refeições de Campinas e Região).

Primeiro dos vereadores a entrar na sala cedida pela DRE para o encontro, Gustavo Pompeo ouviu de Carlos Ferreira, membro do Sintercamp, que se retirasse do local. "Estávamos nós três, eu estava um pouco à frente e acabei entrando primeiro que o Acácio e o Thiago; sentei e fiquei esperando. O membro do sindicato subiu, pegou o microfone, virou para mim e pediu para eu me levantar e me retirar do local porque não poderíamos acompanhar a assembleia", relatou Gustavo Pompeo, que calcula um mínimo de 40 pessoas presentes.

Somente quando o vereador já havia deixado a sede da DRE, a presidência do Sintercamp autorizou que os parlamentares acompanhassem a reunião. Acácio Godoy e Thiago Ribeiro, que também haviam se retirado da sala, preferiram então não participar, em solidariedade a Gustavo Pompeo, já ausente.

"O presidente entrou na sala e deu nova orientação no microfone, de que os vereadores poderiam participar da reunião como ouvintes, sem voz, nem voto, o que não haveria problema algum. Mas, como interpretamos a primeira fala como ofensiva e um de nós já tinha se ausentado, eu e Thiago optamos por não participar da sequência da reunião", disse Acácio Godoy, reforçando que os parlamentares estavam no local "prestando solidariedade à categoria" após terem sido convidados pelas próprias cozinheiras a acompanhar o caso.

Gustavo Pompeo lamentou a atitude de Carlos Ferreira, dirigente sindical que falou antes do presidente do Sintercamp. "Sentimos que fomos expulsos, impedidos de acompanhar." Ele reforçou que, como o caso envolve falhas atribuídas à empresa Especialy Terceirização, contratada pelo governo paulista para gerenciar a merenda na rede estadual na cidade, os vereadores acabam tendo poder limitado porque a questão diz respeito ao Estado.

Contudo, disse o parlamentar, a situação "afeta a população de Piracicaba", à medida que "as pessoas que se alimentam da merenda são piracicabanos". "Por isso, nos envolvemos, para prestar solidariedade à categoria e dar publicidade ao que está acontecendo, para que possamos acompanhar, pois este é o nosso intuito, de buscar informações. As trabalhadoras não podem ficar desassistidas, não podem ficar sem receber."

Gustavo Pompeo ouviu, em conversa com as cozinheiras, que o atraso no pagamento do salário e de benefícios, que era para ser feito até o quinto dia útil do mês, vem ocorrendo repetidamente desde que a Especialy Terceirização assumiu a merenda das escolas estaduais. Ele também apurou que algumas unidades, nesta semana, dispensaram mais cedo seus alunos do turno da manhã por não terem como servir o almoço.

"Esta é uma semana de provas e os alunos teriam de estar participando da escola. Como não tem a merenda, hoje foi servido um lanche que a própria escola comprou para entregar aos alunos. E a orientação é para que os pais ajudem a comprar o lanche para os filhos não perderem a semana de provas", relatou o vereador, sobre um dos casos que chegaram ao seu conhecimento. "A problemática não é do Estado, nem da escola, mas da empresa, a quem o repasse foi feito e que não está pagando suas funcionárias", observou.

Após os vereadores deixarem a sede da DRE, as cozinheiras terceirizadas decidiram pela adesão à greve, e nova reunião deve ocorrer na segunda-feira (12) de manhã. A categoria abrange 160 trabalhadoras em Piracicaba.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Educação Gustavo Pompeo

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