11 DE JULHO DE 2014
Promovida por Ronaldo Moschini, cerimônia homenageou 146 profissionais da equipe do Samu de Piracicaba e concedeu a três deles o título "Um Cidadão, Um Socorrista".
Homenageados, vereadores e demais autoridades em foto ao final da solenidade
Os dez anos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência em Piracicaba foram celebrados em reunião solene no salão nobre da Câmara na noite desta sexta-feira (11). Promovida pelo vereador Ronaldo Moschini (PPS), médico que também atua no Samu, a cerimônia prestou homenagem a 146 profissionais, concedendo ainda a três deles o título "Um Cidadão, Um Socorrista".
A dimensão da presença do Samu na cidade foi retratada pelo médico Orival José Macruz da Silva. Em um discurso emocionado, o coordenador-geral e diretor técnico da unidade revelou o orgulho que sente cada vez que coloca o uniforme característico da equipe ––chamado por ele de "armadura azul"–– e enalteceu "a competência, a garra e o amor" dos profissionais que fazem os atendimentos.
"Vocês estão sempre dispostos a colaborar e a dar um pouco mais de suas horas para a população. São teimosos e persistentes. Sem vocês, nunca teríamos conseguido chegar aonde estamos", disse Orival, com a voz embargada. O médico, que vê como "um desafio a mais" o Samu de Piracicaba alcançar abrangência regional, destacou os números da unidade em dez anos na cidade.
"São mais de 1 milhão de telefonemas recebidos, 300 mil ocorrências atendidas, 150 mil internações realizadas, inúmeras paradas revertidas e milhares de vidas salvas", listou o o diretor técnico. Orival, no entanto, lamentou que, mesmo colecionando "milhares de agradecimentos" em dez anos de existência, os elogios ao serviço "infelizmente tenham menos visibilidade" que as críticas dirigidas a ele.
O médico criticou os casos de pessoas que usam o Samu como táxi, que ligam para a central porque querem remover um morador de rua que esteja dormindo em frente a um comércio ou que consideram o serviço culpado pela falta de vagas nos hospitais. São pessoas, segundo Orival, que "não conhecem a complexidade do serviço" e que carregam a visão de que "meu problema é sempre mais grave que o dos outros".
Crítica semelhante foi feita por Ronaldo Moschini, em seu discurso. O vereador e médico disse que o Samu ––mesmo atendendo até quem tenha "o melhor e o mais caro plano de saúde"–– é vítima de dois tipos de "desumanos": os que prejudicam o serviço com trotes telefônicos e os que são mal educados com os profissionais que prestam atendimento, "ameaçando e dificultando o trabalho das equipes".
ABRANGÊNCIA - Para o secretário municipal de Saúde, Pedro Mello, a sigla para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência deveria ser, na verdade, "Sammu", com o acréscimo de mais uma letra M, de "Municipal", já que 85% do custeio da unidade são bancados pela Prefeitura. Ele disse aguardar que o Ministério da Saúde reconheça o serviço operado em Piracicaba como regional, para que mais verba lhe seja destinada.
"Todos sabem que os recursos que vêm ao município são muito escassos. Mas, embora seja difícil a missão de organizar a cada dia o espaço físico da unidade, o treinamento, o material humano, tenho certeza de que o prefeito Gabriel Ferrato, que escolheu a saúde como uma de suas prioridades, olha o Samu com muito carinho", afirmou Pedro Mello, ao salientar ser comum profissionais do serviço terem de sair socorrer numa cidade distante, "desprotegendo" Piracicaba.
O vereador André Bandeira (PSDB), que, como segundo secretário da Mesa Diretora, presidiu a reunião solene, enalteceu os profissionais que compõem a equipe. "Vemos todos os dias o Samu trabalhando em Piracicaba e fora da cidade. Quero parabenizar a todos, os da linha de frente e os da retaguarda", afirmou. José Osmir Bertazzoni, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Piracicaba e Região, e Silas Varela Sendim, coronel da reserva do Corpo de Bombeiros, também fizeram elogios aos socorristas.
DEZ ANOS DE SAMU - Além das homenagens à equipe composta por 146 profissionais, a reunião solene realizada na Câmara na noite desta sexta-feira reverenciou a memória do motorista Santino Bertolini, falecido em 2011 quando atendia a uma ocorrência, e do médico Luiz Henrique Fernandes da Silva, que morreu em 2008 ––como coordenador-geral, ele ajudou a criar e organizar o Samu de Piracicaba, cuja sede hoje leva seu nome.
Três profissionais do serviço também foram agraciados com o título "Um Cidadão, Um Socorrista": Ângela Maria Casarim Hodas, Antonio Sérgio Giacomini e Luciana de Cássia Gimenez. E, somando-se às homenagens prestadas pela Câmara, a Santa Casa, o Hospital dos Fornecedores de Cana, a Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba), o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Piracicaba e Região e a Amhpla também entregaram placas e troféu em reconhecimento ao trabalho do Samu.
Ao falar em nome dos homenageados, Cássia Paixão destacou alguns lemas da equipe de socorristas. "Não é você quem escolhe trabalhar no Samu; é o Samu que escolhe você. Nós fazemos o possível; Deus, o impossível. Pode criticar o serviço, mas, se precisar, é só chamar, porque estaremos lá", afirmou. "Missão dada é missão cumprida. Dedicamos a nossa vida para salvar a de outros, pois nada é mais importante do que salvar uma vida. Enquanto houver um socorrista na terra, ainda haverá esperança", continuou.
A solenidade promovida por Ronaldo Moschini e presidida por André Bandeira contou ainda com as presenças do vereador Gilmar Rotta (PMDB); de Danilo Zanuncio, do Tiro de Guerra de Piracicaba; de Maria Lúcia Bassa, da Santa Casa; de Luciana Novaes, do Hospital dos Fornecedores de Cana; de Waldomiro Scarpari, da Acipi; e de Nivaldo Henrique Schaffer, da Amhpla.