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18 DE JULHO DE 2013

Pacientes rechaçam redução de cirurgias bariátricas no SUS


A decisão do secretário municipal de Saúde, Pedro Mello, de diminuir as cirurgias bariátricas (de redução do estômago) na cidade caiu como ducha de água fria aos pa (...)



EM PIRACICABA (SP)  

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A decisão do secretário municipal de Saúde, Pedro Mello, de diminuir as cirurgias bariátricas (de redução do estômago) na cidade caiu como ducha de água fria aos pacientes que, na tarde desta quinta-feira, 18, participavam de uma palestra de preparação na Clínica Bariátrica do Hospital dos Fornecedores de Cana (HFC), única autorizada a realizar este procedimento no Sistema Único de Saúde (SUS). “Desrespeito”, “falta de sensibilidade” e até “usados como bodes expiatórios para justificar outros problemas da rede municipal de saúde foram ouvidas na sala.

A vereadora Madalena escutou atenta às colocações. Ela visitou o local nesta quinta-feira, 18, junto do assessor Felipe Bicudo, com o objetivo de entender melhor a decisão do representante da Administração Municipal e buscar maneiras de contribuir para que a redução seja revista pelo secretário. “Podem ter certeza que o que estiver ao meu alcance, farei em prol de vocês”, disse a vereadora. Em quase duas horas na clínica, Madalena encontrou uma realidade angustiante, com pacientes desesperados.

Não é fácil entrar na fila da cirurgia. Para agendar a primeira palestra, quando se inicia o programa que culmina com o procedimento, leva cerca de um ano. “O paciente entra no site, responde diversas questões e, se aprovado, agenda a primeira palestra, normalmente para o ano seguinte”, explica Patrícia Helena Saladini, enfermeira-responsável do SUS do pós-operatório. Depois da palestra inicial, são mais cerca de 2 anos e seis meses num intenso programa com psicólogo, nutricionista e educador físico antes de chegar na mesa de cirurgia. É um período de esperança e agonia.

Mas este tempo deverá triplicar se a decisão do secretário for mantida. Atualmente, são autorizadas 80 cirurgias, mas nesta semana o titular da Secretaria de Saúde informou que o número será reduzido a apenas 20 procedimentos. A decisão eleva o tempo de espera até 11 anos, um tempo que muitos dos pacientes, pelas condições clínicas, não teriam. “Eu diabetes descontrolada, tomo seis injeções de insulina ao dia e o médico me indicou a cirurgia com certa urgência”, diz Terezinha Carmem Miranda Firmino, 50, que, semanalmente, vem de Jundiaí para as diversas sessões incluídas no programa.

As doenças correlatas são diversas, desde doenças auto-imunes (como diabetes) até ortopédicas, como o caso de José Aparecido da Silva, 49, também no grupo de espera por uma cirurgia bariátrica. “Tenho osteoporose nos meus dois joelhos e também recebi orientação médica de fazer a cirurgia o quanto antes”, explicou o paciente da cidade de Limeira. Quanto mais tempo demora o procedimento, maiores e difíceis serão as conseqüências. “Eles não contam com muito tempo, grande destes pacientes já vêm para cá precisando com certa urgência”, explica a nutricionista Tatiane Henrique Coelho.

Na sala ao lado, dos pacientes que realizaram a cirurgia, as críticas à decisão do secretário Pedro Mello são semelhantes. “É um absurdo”, dizem, quase em uníssono, os recém-operados. “Se ele fosse obeso saberia que todos temos urgência, que é difícil encontrar emprego, que sofremos preconceito e que muitos ficam deprimidos e angustiados pela demora na realização da cirurgia”, concordam os pacientes.

O médico Irineu Razera, diretor da Clínica Bariátrica do HFC, ainda não conseguiu encontrar razões que justificassem a decisão de Pedro Mello. “Espero que tenha sido apenas uma ‘barbeiragem política’”, disse ele. Apesar da justificativa do secretário em ampliar leitos de UTI com a diminuição do espaço voltado à cirurgia bariátrica, ele diz que não são compatíveis. “Mesmo se reduzisse os de bariátrica, não adiantaria para resolver o problema da UTI”, disse ele, que sugeriu outras ações poderiam ser tomadas. “Você tem o antigo hospital da Unimed parado. Ali tem leitos para UTI”, disse.

Irineu Razera foi pego de surpresa pela decisão do secretário Pedro Mello. “Eu fui conversar com ele há 15 dias a respeito de programas federais contra a obesidade para serem implementados aqui e nada disso (da redução) foi tratado”, disse ele. Na tarde desta quinta-feira, pouco antes de se reunir com a vereadora Madalena, Dr. Razera recebeu um telefonema do secretário, agendando uma reunião para esta sexta-feira, 19. “Espero que ele revogue totalmente esta decisão”, declarou o diretor da clínica.

Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Fotos: Emerson Pigosso MTb 26.356



Texto:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


Saúde Madalena

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