PIRACICABA, SÁBADO, 20 DE ABRIL DE 2024
Aumentar tamanho da letra
Página inicial  /  Webmail

20 DE MARÇO DE 2019

"Não há riqueza no mundo parecida com a brasileira", diz Raul Cânovas


Paisagista argentino radicado no Brasil é uma das principais referências na área; ele esteve na Câmara para palestra da Escola do Legislativo



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (1 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (2 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (3 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (4 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (5 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (6 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (7 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (8 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (9 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (10 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (11 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 (12 de 12) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira
Foto: Davi Negri - MTB 20.499 Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 130 pessoas acompanharam atividade nesta quarta-feira



Com 55 anos dedicados ao paisagismo, sendo 48 em território brasileiro, Raul Cânovas tem arrastado plateia numerosa e interessada em conhecer o seu peculiar ponto de vista sobre “Paisagismo Sustentável”. Uma destas incursões teve como destino a Câmara de Vereadores de Piracicaba, onde o argentino ministrou palestra pela Escola do Legislativo, com a participação de aproximadamente 130 pessoas, na noite desta quarta-feira (20), no Salão Nobre Helly de Campos Melges. "Não há riqueza florística no mundo parecida com a brasileira”, disse.

"Tenho uma linha filosofante", definiu ele, logo no início, para expressar a visão de que o sentimento do paisagista é carregado de utopias. “O que seria do mundo sem utopia? O que seriam dos engenheiros sem os arquitetos? No passado, quando comecei minha carreira, as oportunidades eram para os executivos, mas não para os criativos, aqueles que são cheios de utopias. Hoje vivemos em um mundo que precisa de pessoas que teorizem menos, porque os métodos vanguardistas têm assolado a paisagem”, disse.

Cânovas acredita que o mundo está mais fácil, e, portanto, mais adequado, e que os paisagistas devem ter a consciência de que possuem o dom de criar. Para ele, o conceito de sustentabilidade não pode se restringir à economia de água ou luz, fatores que considera “consequência final”. A sustentabilidade, neste caso, tem relação com o conhecer e resgatar o passado, ou, em suas próprias palavras, “olhar no retrovisor”.

Evocando figuras como Tarsila do Amaral, Tom Jobim, João Gilberto, Chico Buarque, Glauber Rocha, Hector Babenco, Machado de Assis, Jorge Amado, Alex Atala, entre outros, ele lembrou que o Brasil é um país incomparável. “O Brasil é um dos países mais transcendentais do mundo. Isso se deve à diversidade da nossa cultura, por termos muito o que mostrar, mais até do que países europeus. Mas, infelizmente, o brasileiro ainda continua olhando para fora."

Ao falar das bases que deveriam nortear o paisagismo atual, Cânovas disse ser fundamental escapar da mediocridade. “É preciso harmonizar, de uma forma que a paisagem viva com felicidade. Você está fazendo para servir, sempre. Somente assim uma obra se torna infinita”, opinou. Além disso, ele se mostrou favorável ao trabalho em equipe para a obtenção de bons resultados e, neste sentido, fez uma analogia à função do diretor de cinema, que “tem o filme na cabeça, mas não é o filme”.

Ele também explicou que as árvores contribuem para a construção de cortinas corta-ventos, depuração bacteriana, diminuição dos ruídos das cidades, recuperação dos córregos, estabilização das áreas em declive e absorção do excesso de água das chuvas. “As árvores realocam os laços como a nossa história e o nosso folclore”, lembrou, ao reforçar a necessidade de fugir de clichês, ser generoso, agir com ousadia, cuidar do solo sem a preocupação de desfigurar uma criação divina, evitar artificialismo e combater o cinza das cidades.

A conversa teve espaço para abordar também o estilo incomparável do paisagista, arquiteto e artista plástico Roberto Burle Marx, com quem teve a chance de trabalhar na sua chegada ao Brasil. Para Cânovas, Burle Marx brincava com as curvas, explorava de forma única as cores brasileiras e sonhava com o estilo autóctone. “Ele foi muito criticado quando começou a fazer jardins públicos com plantas autóctones, na época visto apenas como mato. Por trás de uma figura grandiosa como paisagista, existia um ser humano incrível, com uma visão mais abrangente de mundo”, definiu.

Cânovas acredita que Burle Marx foi o personagem mais importante do Brasil no século 20, por centrar sua obra no conceito de sustentabilidade profunda. “Pegou o espirito do brasileiro, de entender fora da planta o que faz a pessoa sorrir”, completou, ao mesmo tem que lamentou o fato de pouco do paisagismo atual adotar filosofia semelhante.

Solícito, Cânovas se aproximou de cada um dos participantes e olhou nos olhos nos momentos das perguntas. Respondeu sobre bromélias, cactos, jardins aromáticos, abelhas nativas, árvores frutíferas, entre outros assuntos. “Recomendo sempre o trabalho com plantas que estão próximas a você, e isso só se descobre conversando com elas, e também ouvindo o que elas têm para falar.”

Cânovas disse ter um carinho especial pela cidade. Segundo ele, uma de suas primeiras encomendas veio de um morador de Piracicaba, o empresário Celso Silveira de Mello. Naquele tempo, sua visão estereotipada era de que Piracicaba só possuía caipiras. “É por isso que a cidade me desperta um sentimento diferente, de um lugar especial, em meio a tantos lugares que viajo pelo Brasil”, afirmou.

EIXOS TEMÁTICOS -- Antes das considerações de Cânovas, a vereadora Nancy Thame (PSDB), diretora da Escola do Legislativo, comentou sobre os eixos temáticos que norteiam as atividades da Escola – promoção da cidadania, fortalecimento de lideranças e difusão – como também a disposição do corpo docente em atuar de forma voluntária. Ela lembrou que, em 2 anos, aproximadamente 5.000 pessoas participaram das palestras, cursos, debates e rodas de bate-papo da Escola.

Nancy também lançou a pergunta: “mas o que o paisagismo tem a ver com tudo isso?”, ao que respondeu: “tem tudo a ver com a cidadania, com qualidade de vida, com a cidade capaz de proporcionar maior equidade. Em um momento em que a sociedade está tão agressiva, temos muitas almas iluminadas, como a de Raul Cânovas, que vem para lançar luz para questões tão importantes”.



Texto:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Escola do Legislativo Nancy Thame

Notícias relacionadas