Mágicas, ilusionismo e pirofagia prenderam a atenção dos 250 estudantes de cinco escolas na tarde desta quarta-feira (23). Eles acompanharam na Câmara de Vereadores de Piracicaba as intervenções lúdicas do conferencista Mauro Dias, autor da palestra Drogas – A melhor saída é não entrar. A iniciativa é do vereador Gilmar Rotta (PMDB).

Natural de Assis, Dias tem 25 anos e narrou sua própria história na abertura da palestra, ministrada desde 2012 e que já percorreu mais de mil cidades, com público estimado em 20 mil pessoas no Estado de São Paulo. Ele, sua mãe e dois irmãos foram abandonados pelo pai, dependente químico. Sem recursos financeiros e com o sonho de melhores condições de vida, partiram para Botucatu.

Com gestos teatrais, Dias convocou os jovens a serem “protagonistas de suas próprias histórias”. Na sequência, abriu um livro em chamas. Enquanto as histórias eram narradas, ao fundo ouvia-se Viva la Vida, da banda britânica Cold Play. “O tema promete esquentar”, declarou, ao arrancar risos da plateia, composta por alunos das escolas estaduais Dom Aniger Francisco Maria Melillo, João Chiarini, Doutor João Conceição e Professor Eduir Benedicto Scarpari e do Sesi da Vila Industrial.

Como três argolas entrelaçadas e que aos poucos foram separadas, o conferencista lembrou a importância de construir, na sociedade atual, relações sólidas com amigos e familiares. “O desafio é transformar as dificuldades em oportunidades. Ou escrevo a minha própria história ou leio a história que os outros escreveram. Devemos reescrever um novo capítulo de nossas vidas a cada dia”, aconselhou. 

Para o mágico-palestrante, o incentivo ao consumo de drogas é cada vez mais precoce. Começa com as drogas consideradas lícitas, nas festas de batizado regadas a churrascos e bebidas, e em comemorações como a virada do ano, celebradas com champanhe. Com um pepino em mãos, Dias – mais uma vez sob risos do público – assumiu o vocabulário teen e criou a figura do “Jovem Pepinão”: aquele que nasce, cresce e morre verde, incapaz de tomar as próprias decisões. Além disso, o termo pepino, lembrou ele, é conhecido no país como problema.

O estudante Victor Manoel Freitas dos Santos, 13, da Escola João Chiarini, foi chamado à frente do salão nobre para que o mágico-palestrante versasse sobre a relação paquera, ficada, namoro, noivado e casamento com o universo das drogas. “Depois que você aceita o namoro com as drogas, a coisa complica. É um prazer intenso, mas mentiroso. O noivado é aquela fase em que a pessoa se assume como usuária para a sociedade, vai para o tráfico e para o crime. O casamento é a decadência total, com a perda de bens, da dignidade e da moral.” 

Aluna da sétima série na Escola Eduir Scarpari, Ana Júlia Oliveira Correia, 12, saiu da Câmara surpresa com o conteúdo. Embora o tema seja discutido em sala de aula pelos professores, ela acredita que faltam iniciativas de conscientização. “Quanto mais informação, melhor. O mágico conseguiu prender nossa atenção do começo ao fim, sem ser cansativo”, disse. Da mesma forma pensa Victor Manoel Freitas dos Santos, 13, da Escola João Chiarini. “O mundo seria muito melhor sem as drogas.” 

PREVENÇÃO – Gilmar Rotta disse que uma das premissas de seu mandato é a busca pela melhoria da saúde da população e que o trabalho de prevenção às drogas é essencial nesse processo. “Nossos jovens precisam ser constantemente informados sobre as drogas, que é um problema de saúde pública”, disse o vereador, ao tecer elogios à abordagem diferenciada do palestrante. 

Em junho do ano passado, o parlamentar promoveu na Câmara o seminário Drogas – Dependente químico, família, políticas públicas, e em novembro aconteceu a palestra com o mestre e doutor em farmácia toxicológica, Ovandir Alves Silva, com a presença de especialistas de São Paulo, Sumaré, Limeira, Capivari, Indaiatuba e São Pedro.

O vereador também é autor de duas proposituras relacionadas ao assunto: a indicação 3.243/2013, que solicita a construção de um centro de especialidades pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para triagem, consulta psiquiátrica e atendimento domiciliar dos dependentes químicos; e a indicação 4.258/2013, para a melhoria no Caps-AD 2 (Centro de Atendimento Psicossocial) no bairro Campestre.