A Câmara de Vereadores de Piracicaba deu início a uma campanha interna para incentivar a doação de órgãos. A iniciativa coincide com a celebração do Dia Nacional da Doação de Órgãos, nesta terça-feira (27). A ideia é conscientizar os servidores sobre a importância de fazer essa opção, estimulando, por exemplo, que se inscrevam no Cadastro Virtual de Doadores, por meio do site adote.org.br.

"A vida está acima de qualquer coisa. O pior momento para uma família é a perda de um ente querido, mas, para quem está num estado de pré-morte, receber a doação de um órgão de uma pessoa, que optou por fazer esse gesto tão lindo, permitindo que a vida do outro não se finde, é um ato único", salientou a diretora do Departamento Administrativo-Financeiro da Câmara, Kátia Garcia Mesquita.

A assessora de cerimonial Melissa Maziero, 26, está desde julho cadastrada como potencial doadora no site da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos. "Lemos e vemos diariamente notícias de que há falta de doadores. Sei que não me escolheriam por não saber da minha vontade, então para poder ajudar me cadastrei no banco de doadores", contou. Segundo Melissa, não houve burocracia para o cadastro. "Foi muito fácil", ressaltou.

A campanha promovida na Câmara baseia-se na que foi lançada este mês pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de fazer o Brasil alcançar a meta de ter, anualmente, pelo menos 14,4 doadores a cada grupo de um milhão de habitantes. No primeiro semestre de 2016, o país atingiu o recorde de 1.438 doadores, 7,4% a mais que o mesmo período em 2015.

De acordo com a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), podem ser doados coração, córneas, pulmões, rins, fígado, pâncreas e ossos. São Paulo é o Estado com mais pessoas que fizeram a opção de se tornar doadoras, mas, proporcionalmente, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul têm mais doadores cadastrados.

Em números absolutos, a fila é maior de pessoas que aguardam córneas e rins, seguidos de fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino. Dados divulgados pela ABTO revelam que, em São Paulo, no primeiro semestre deste ano, 6.322 pacientes aguardavam um transplante, sendo apenas 484 beneficiados.

Ainda assim, nem todos os órgãos doados podem ser aproveitados. Além das complicações relacionadas ao histórico de saúde do paciente, o processo exige uma série de cuidados e infraestrutura para que o procedimento seja realizado em tempo e com segurança.

SAIBA MAIS - O presidente da ABTO, Roberto Manfro, observa que a doação de órgãos ainda é um tabu no Brasil. "Neste ano, mais de 40% das famílias não consentiram com a doação dos órgãos de seus familiares com morte encefálica. Isso significa que mais de 3 mil transplantes não foram feitos no país", comentou.

"Nós temos dezenas de milhares de pessoas esperando por um órgão a ser transplantado. A Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos tem como objetivo principal educar a população e mostrar à sociedade como são importantes a doação e os transplantes", disse o dirigente.

Para ser doador, basta manifestar essa vontade à família. Assim, em caso de morte, um ou mais órgãos podem ser transplantados para outra pessoa. Vale lembrar que alguns órgãos também podem ser doados em vida, como rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão.

A retirada para transplantes de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas que morrem depende da autorização de familiares maiores de 18 anos e de documento assinado por duas testemunhas.

Quem deseja se tornar doador pode acessar o site adote.org.br e preencher o Cadastro Virtual de Doadores ou procurar o Centro de Transplantes, no Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, na avenida Barão de Valença, 716, na Vila Rezende. Informações pelo telefone (19) 8135-6500.