Em reunião solene na manhã desta quinta-feira (09), na praça José Bonifácio, foi homenageado o ex-combatente Romeu Gomes de Oliveira, por ter representado Piracicaba na Revolução Constitucionalista de 1932. A solenidade foi instituída pela Câmara, por meio de decreto legislativo de autoria do vereador João Manoel dos Santos (PTB), e acontece em parceria com a Comissão Municipal de Eventos Cívicos.

Durante o ato solene foram  homenageado com medalhas e placas os ex-combatentes Romeu Gomes de Oliveira, 99 anos, e os  familiares dos ex-combatentes piracicabanos, já falecidos, Alberto Botelho, Antonietta Marozze Rigghetto, Armando Ferreira Alves, Cícero Certaim, Dirceu Vieira, Domingos de Campos, Francisco Sampaio, Giácomo Galdi, Jacques Andrade, João de Aguiar, João Rocha, Joaquim Moreno, José Armando Furlani, José Gabriel Dias Brasil, José Feliciano, José Martins, José Pires Fleury Júnior, Júlio de Andrade, Leônidas A. Fogaça, Luiz Avelino Bortolan, Luiz Castilho, Luiz Gomes dos Reis, Mário Ducatti, Miguel Melchiades Sendin, Orestes Signorelli, Ormindo de Camargo, Oscarlino da Costa, Pedro Salgado,  Scar Antonio Bressan, Sebastião Firmino de Arruda, Silvino Carletto, Valdomiro Zaghi e  Walter Radamés, Accorsi.  

Ao fazer uso da palavra, o vereador João Manoel dos Santos, disse que, em 2013, recebeu a Medalha MMDC, instituída pelo governo de São Paulo para reconhecer pessoas e entidades na preservação do ideal do levante. Falou da importância da Revolução Constitucionalista de 32 e dos ex-combatentes que fizeram parte da história do Estado de São Paulo. Finalizou lembrando que a Revolução não foi em vão, e que o Brasil teve seus ideais de liberdade e democracia conquistados através destes homens.

Também fizeram uso da palavra o presidente da Câmara de Vereadores de Piracicaba, vereador Matheus Erler (PSC); o prefeito do município de Piracicaba, Gabriel Ferrato e o tenente-coronel PM Marco Antônio Felix. Todos falaram da importância da Revolução Constitucionalista de 32 para a história do Brasil, e parabenizaram o homenageado e os familiares dos ex-combatentes falecidos.

Matheus Erler, por exemplo, falou que “é muito importante lembrar e enaltecer a memória dos soldados que participaram da revolução. Isso é motivo de orgulho para nós e nossa cidade. A Revolução mostrou que o nosso Estado é o carro-chefe da nação”.

Durante a solenidade houve o hasteamento das bandeiras do Brasil, do Estado de São Paulo e de Piracicaba, salva de tiros, toque de silêncio, deposição de coroa de flores no momento em Memória aos Heróis da Revolução Constitucionalista de 1932, pelos Tenente Coronel PM Felix e o Benedito Moraes, subcomandante da Guarda Civil de Piracicaba e presidente da Comissão Municipal de Eventos Cívicos.

Também participaram do ato solene os vereadores Chico Almeida (PT) e Paulo Camolesi (PV), o Tenente Hélio de Souza Lima, delegado da 10ª Delegacia de Serviço Militar de Piracicaba; Edson Rontani Júnior, presidente do Núcleo MMDC; Capitão PM Silvio Sendin do 10º Grupamento de Incêndio e Tenente Roberto Azevedo Lobão.

Memórias da Revolução Constitucionalista de 1932

A Revolução Constitucionalista foi a primeira e a maior revolta contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas. Acreditando na união e na adesão de outros Estados da nação, o Estado de São Paulo se mobilizou e liderou a tentativa de derrubar Getúlio Vargas do poder, e promulgar uma nova Constituição para o Brasil.

O movimento foi marcado pela morte dos estudantes paulistas Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, ocorrido em 23 de maio de 1932, num comício na capital. As iniciais de seus nomes (MMDC) transformaram-se na sigla da Revolução Constitucionalista.

Todo o Estado mobilizou, homens, mulheres, jovens e idosos. Mais de 300 mil voluntários, de todas as classes sociais, se apresentaram para combater na revolução. Num movimento cívico jamais visto no Brasil.

Em Piracicaba, mais de 1.700 voluntários e combatentes participaram da Revolução: no campo de batalha, no suporte aos soldados, dando guarida aos revolucionários, fornecendo gêneros de primeira necessidade, como comida e roupas.

No início dos combates, quando as tropas já estavam em marcha, Getúlio Vargas, numa manobra política, num momento decisivo, conseguiu reverter à situação a seu favor, recebendo grande apoio militar do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Deixando São Paulo sozinho nessa revolta, que contava apenas com pequeno e parcial apoio do Estado do Mato Grosso.

O sacrifício foi enorme, material e humano. Registro do ex-soldado constitucionalista piracicabano Walter Accorsi, revelam as duras condições no fronte de batalha, onde tinham que ficar no chão duro, por vários dias, em meio à escassez de comida, sujeitos aos insetos e outras intempéries da natureza, vivendo como selvagens.

Foram milhares de feridos. Muitas vidas se perderam de ambos os lados. Os paulistas cercados e isolados, não poderiam mais sustentar a luta. E pelo bem de todos os brasileiros, resolveram abandonar a revolta e depor as armas. A guerra durou cerca de 90 dias, entre julho e outubro de 1932.

Em 1933, foi organizada uma Assembleia Nacional Constituinte. E, em 1934, foi promulgada a nova Constituição do Brasil, um dos principais objetivos da Revolução, e que, de certa forma, significou para São Paulo uma vitória.

A data de 9 de Julho é feriado estadual, criada pela Lei. Nº 9.497/97. A escolha da data faz referência ao dia em que explodiu a Revolução.

Texto: Fábio Bragança – Historiador e diretor do Departamento de Documentação e Arquivo da Câmara de Vereadores de Piracicaba